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Ola pessoal!

Através deste post, irei passar um resumo bem bacana sobre a desagregação do Império Romano e o Império Bizantino. Neste pequeno estudo, iremos falar um pouco do Ocidente, mas o foco mesmo será o lado Oriental. E, por se tratar de um resumo de uma história longa e complexa, algumas coisas podem ficar incompletas. Mas qualquer dúvida ou caso queira complementar algo, basta deixar seus comentários! Obrigado e boa leitura!

Quando falamos em Idade Média Oriental, podemos entender todos aqueles eventos onde os romanos foram nocauteados e os germânicos passaram a dominar a situação. Também temos aquelas regiões que nunca foram dominadas pelos senhores da Antiguidade. Por um outro lado, o termo Idade Média Oriental refere-se mais como uma ideologia cronológica para organizar a história em si para não deixar nenhum acontecimento importante para trás. Embora os termos “Ocidente” e “Oriente” também serviram para enfatizar as diferenças entre os povos que envolve questões meio que etnocêntricas como é o caso do Helenismo.

O Helenismo é um conceito cultural e histórico da Grécia Antiga que se expandiu por todo Oriente e Ocidente se misturando com outras culturas dos povos não-gregos. Com a Guerra do Peloponeso (Atenas Vs Esparta), a Grécia em si ficou enfraquecida e os macedônios aproveitaram o momento para uma invasão. No século V a.C, a Macedônia era um conjunto de tribos vivendo da agricultura e sendo governados pelos seus reis. Eles mantinham contatos militares e econômicos com a Grécia até serem influenciados pela cultura grega. Com a ascensão de Felipe II no trono da Macedônia, seu exército e suas táticas de guerra foram aprimoradas. E, junto com seu sucessor Alexandre (o Grande), Felipe II expandiu o território Macedônico pelas regiões gregas. Apesar do domínio, os macedônios fundaram cidades ou reativaram antigos centros, usando como preferência o modelo políade grego e passaram a se expressar também em grego. Com a morte de Alexandre, a Macedônia ficou sem herdeiros e suas conquistas foram repartidas pelos generais: Macedônia (Antigônidas), Ásia (Selêucidas) e Egito (Lágidas), entre outros. Tais reinos começaram a batalhar para expandir seus territórios. Entretanto, no início do século II (a.C), esses caras ficaram enfraquecidos e Roma surgiu complementando o controle do Mediterrâneo.

A Expansão de Roma: No primeiro momento (Séc. VIII a.C), Roma era apenas uma vila perdida no meio do Lácio e, com o passar dos séculos, foi conquistando inúmeros territórios, dentre eles, os escombros deixados pela Macedônia. E, através do Imperador Trajano (Séc. II d.C), Roma conseguiu uma extensão máxima de seu Império com a anexação da Dácia, da Armênia, da Mesopotâmia e da Arábia. Além disso, assim como os macedônios, Roma também carregava uma cultura grega. Sendo assim, o Helenismo também passou a fazer parte em todos os domínios romanos. Entretanto, o processo de expansão teve os seus pontos negativos. O expansionismo não se “socializou” com os benefícios, ou seja, a população não experimentou as vantagens advindas com os êxitos romanos. Sem contar que as próprias estruturas tradicionais de Roma não estavam preparadas para as diversas transformações socioeconômicas. Portanto, a República começa a choramingar a partir do século II a.C dando início ao Principado.

Principado (Alto Império): É a centralização administrativa e o militarismo do Império Romano. No final da República, o exército era custeado pelos generais com recursos pessoais e os benefícios das conquistas militares. Tal empreendimento faziam dos generais, grandes líderes. Portanto, o surgimento dessas lideranças autônomas foram umas das razões para o fim da República. E, com a criação da Teocracia Militar pelo Imperador Otávio Augusto (ano 6), o exército passou a depender do Estado e, logo em seguida, do Imperador.

A Desagregação do Império Romano: Não vamos falar aqui sobre a Pax Romana por ser um assunto da Antiguidade. Vamos direto para a desagregação, pois o nosso foco é a Idade Média. O século III foi o século da desagregação da extensão geográfica romana. Alguns dos fatores que motivaram a desagregação foi a mão de obra escrava e as despesas para a manutenção do Império. Os escravos eram as recompensas das batalhas e, como as batalhas tinham diminuído, a mão-de-obra escrava também foi diminuindo. Além disso, as despesas como manter o exército nas fronteiras e custear a política de apaziguamento das massas demandava a renovação constante de recursos, e isso não estava ocorrendo. Sem contar dos problemas de corrupção nas províncias e disputas pelo poder que também agravaram a crise. No ano de 395, o Imperador Teodósio partilhou o Império para os seus filhos: Honório e Arcádio. E, a partir desse momento, o Império Romano do Oriente passa a se afastar do Ocidente. Sendo assim, o Império Romano Ocidental fica enfraquecido e os povos germânicos começam suas invasões culminando a desagregação do lado Ocidental. O Império Romano Oriental teve lá suas vantagens e se torna o herdeiro de Roma.

A Sobrevivência do Império Romano Oriental: Após a divisão do Império Romano promovida por Teodósio, seus dois filhos assumiram com o auxílio de regentes: Arcádio na parte Oriental, sob a orientação de Rufino; e Honório na parte Ocidental, sob a orientação de Estilicão. O regente Estilicão (lado Ocidental) tentou anexar sua regência com o Oriente, mas acabou que levantando uma ameaça real sobre as fronteiras do Reno: Alarico e seus soldados junto com as tribos vândalas, suevas, burgúndias e alanas. Por um outro lado, o Império Romano Oriental, com melhores condições de defesa, não prestou apoio aos seus irmãos romanos ocidentais devido as longas rivalidades entre eles durante a história. Lembrando também que auxiliar o lado ocidental poderia implicar em gastos e desequilibrar as finanças orientais. O Imperador Zenão estava no poder quando o Império Ocidental finalmente terminou (ano 476). Os fatores que levaram o Império Oriental a sobreviver foram:

  • O lado ocidental tinha que defender extensas fronteiras que se estendiam do alto e médio rio Danúbio e do rio Reno. Já o lado Bizantino (Império Romano Oriental) tinha que se preocupar apenas com a fronteira do baixo Danúbio o que lhe dava liberdade para enfrentar com mais eficácia as hordas de invasores do leste;
  • O lado ocidental não conseguia manter suas barreiras junto àqueles rios, pois não havia uma segunda defesa para se apoiar. Ou seja, mantendo tais barreiras, a Itália, a Gália e a Espanha ficariam abertas para os invasores.
  • O lado oriental manteve intacta suas economias bem como a estabilidade interna. As províncias orientais também eram as mais ricas e também mais povoadas, o que fez evitar o colapso em relação à cobrança de impostos para a manutenção do Estado;
  • A paz interna também predominava no lado Oriental. Após a separação com o Ocidente, sua política tornou-se mais homogênea e sem grandes perturbações. Não havia governantes golpistas como era de costume no lado Ocidental;

Dinastia Justiniana: Em 518, o soldado Justino sobe ao trono romano. Mas o governo era exercido pelo seu sobrinho, Pedro Sabático. O jovem viria sucedê-lo sob o nome de Justiniano. Durante as primeiras dinastias, o Império Romano do Oriente preservou a essência dos elementos romanos, inclusive o latim como idioma oficial. O Imperador Justiniano (527-565) era casado com uma humilde mulher chamada Teodora. Ela teve um papel importante no governo do seu marido devido as influências que ela mesma causou em algumas questões políticas e religiosas do governo. Logo no início do seu governo, Justiniano teve que lidar com o Primeiro Cisma da Igreja Católica. Foi no ano de 478 quando o Patriarcado de Roma excomungou o Patriarca de Constantinopla (líder religioso Oriental). Mas foi no ano de 325, desde o Concílio de Niceia, que a Igreja estava dividida em cinco domínios: Roma, Constantinopla, Jerusalém, Alexandria e Antioquia. Não havia um Papa como temos hoje. Mas era o Patriarcado Romano que possuía uma ascendência maior. A Cristandade estava com dificuldades para acabar com certas heresias como o monofisismo. Os monofisistas criam na natureza de Cristo como Una (era apenas espiritual) e seus adeptos eram em grandes proporções no Egito, na Síria e em Jerusalém. E, devido a excomungação do Patriarca de Constantinopla, o Imperador Bizantino acabou que prestando apoio ao Patriarca excomungado levando a uma separação das Igrejas Ocidentais e Orientais, formando a Igreja Católica Romana (Ocidental) e a Igreja Católica Ortodoxa (Oriental). Portanto, para unir novamente o Ocidente e o Oriente, Justiniano passou a proteger a ortodoxia da Igreja e a perseguir as heresias. Mas ele teve que aturar sua esposa Teodora que era monofisista.

Cesaropapismo: A administração do Império Bizantino foi aos poucos se baseando no Cesaropapismo, onde o Imperador passa a assumir o poder secular e também o poder religioso. Ele passava a ter os mesmos direitos dos membros do clero e administrava as doutrinas e a sociedade cristã. Portanto, a Igreja passou a ser subordinada ao Estado e o Imperador era considerado o representante de Deus na terra. Embora tal prática já ocorria desde o governo do Imperador Constantino que tornou o Cristianismo, a religião oficial do Império Romano.

A Economia Bizantina: A economia acompanhava a tendência natural da região, era como um entreposto comercial entre Oriente e Ocidente via terra e mar. O setor artesanal foi desenvolvido e organizado em corporações comandados pelo Estado. E as propriedades rurais estavam nas mãos de poucos indivíduos, sendo a agricultura fundamental para o abastecimento do Império.

Política Externa de Justiniano: No ano de 532, Justiniano fez um tratado de paz com o Rei Persa com o objetivo de tranquilizar as fronteiras orientais do Império. Com esse tratado, ele aceitou pagar tributos anualmente aos Sassânidas – dinastia que reinava no Império Persa. Em relação aos seus irmãos ocidentais, Justiniano teve o objetivo de reconstruir o Império Romano e levantou batalhas inciando pelo norte da África, onde estava sob o domínio dos vândalos (um dos povos que ocuparam os domínios romanos após a desagregação). Justiniano teve sucesso na batalha e o domínio sacramentado em 548. Justiniano também retomou dos godos a Sicília, Ravena, Nápoles e Roma e, dos visigodos, partes da Península Ibérica. Entretanto, suas conquistas tornaram-se passageiras devido ao peso que levou para as receitas imperiais, pois demandavam exércitos para preservá-las sob jugo. Por um outro lado, tais áreas conquistadas eram financeiramente inviáveis e acabaram tendo certos prejuízos.

hipodromoPolítica Interna de Justiniano: Justiniano precisou lidar com os gastos dos exércitos expansionistas. Para isso, precisou levantar uma reforma de cunho fiscal aumentando a tributação interna. Esse aumento foi um dos motivos da Revolta de Nika (ou Nike) no ano de 532, e que terminou com a morte de milhares de manifestantes. Um outro motivo que gerou a revolta foi a opressão de Justiniano sobre o Monofisismo. O hipódromo foi escolhido como sendo o palco da revolta. Além de ser um centro de lazer, o hipódromo também servia para disputas religiosas e políticas. É onde reuniam as facções desportivas divididas por cores e por ideais. Eram quatro equipes: os azuis, os verdes, os vermelhos e os brancos. A equipe azul representava os interesses religiosos, já os verdes representavam os artesãos, comerciantes, altos funcionários provinciais e os adeptos do monofisismo. Entretanto, Justiniano não apoiou nenhuma facção para não enfraquecer a outra. Isso levou os Azuis e os Verdes a se unirem contra ele. Os manifestantes coloridos tomaram a capital e Justiniano estava se preparando para fugir. Porém, sua esposa Teodora teria dito:

“Ainda mesmo que a fuga seja a única salvação, não fugirei, pois aqueles que usam a coroa não devem sobreviver à sua perda. Se queres fugir, César, foge; eu ficarei, pois a púrpura é uma bela mortalha.” – Teodora, Imperatriz Bizantina

Oh gente… que lindas palavras!! Snif… Mas enfim, Justiniano não fugiu e sobreviveu. Os revoltosos coloridos foram completamente derrotados pelo general de confiança de Justiniano, Belisário, e a situação foi contornada com a utilização dos impostos para a reconstrução dos monumentos depredados durante o movimento.

A Cultura do Império Justiniano: A arte bizantina é uma arte ligada à religião. Em relação a arquitetura, quase nada temos de construções mundanas e era a tônica das igrejas bizantinas, a aplicação de abóbodas e cúpulas. Diante das construções arquitetônicas de Justiniano, a mais famosa é a Basílica de Santa Sofia. Esta obra, também conhecida como Hagia Sofia, foi convertida em mesquita por volta de 1453 através das invasões dos turcos otomanos seljúcidas quando dominaram o Império. No século XX, a Basílica tornou-se um museu. A sua decoração mosaica era devido ao método bizantino de ornamentar os templos e de divulgar os valores cristãos entre os fiéis. Sendo assim, a arte bizantina retratava a vida de Cristo e de seus seguidores. A pintura seguia a rigidez dos mosaicos e era manifestada com imagens de anjos, apóstolos e santos. Nos séculos seguintes, a questão das imagens de santos e de Cristo gerou uma polêmica conhecida como Questão Iconoclasta. Falaremos sobre essa questão em uma próxima postagem. E, com o passar dos séculos também, o latim foi completamente substituído pelo grego (questão do Helenismo).

O Corpus Iuris Civilis: Essa foi a base legislativa do Império Bizantino até a sua desagregação. Tudo começou no ano 529, onde Justiniano precisou de dez homens proeminentes para realizar uma revisão no Código legal romano. Alguns anos mais tarde, essa obra foi revista e complementada materializando no Corpus Iuris Civilis. Justiniano estava preocupado em estabelecer um sistema jurídico eficiente para o Império. Portanto, esse documento foi dividido em quatro livros: Codex, Digesto (ou Pandectas), Institutas e Novelae, cada um com características particulares que são:

  • Codex: Coleção das Constituições Imperiais;
  • Digesto: Seleção das obras dos jurisconsultos;
  • Institutas: Manual de Direito para estudantes;
  • Novelae: Publicação das Leis do próprio Justiniano;

Nesse Código, Justiniano levantou normas meio que anti-semitas para tentar uma aproximação com a Igreja adotada pelo Imperador. Ele proibia as relações sexuais entre judeus e cristãos e, também, os judeus estavam proibidos de exercerem qualquer cargo público e, também, jamais poderiam testemunhar contra os cristãos e, tampouco, ler a Bíblia em hebraico. Pobre judeu…

O Fim do Governo Justiniano: Com a morte do imperador Justiniano, Justino II sobe no trono. Logo no início enfrentou sérios problemas militares, pois recusou a manter o pagamento dos tributos ao governante persa que foi o tratado combinado pelo seu antecessor, Justiniano. Simultaneamente, os lombardos invadiram a Península Ibérica e o projeto expansionista deixado por Justiniano acabou que caindo por terra. O Império passou a viver uma imensa crise que levou a reformas lideradas pela dinastia seguinte, a Heráclida (610-717).

Apesar das tentativas de resistência, os problemas religiosos, econômicos e militares só cresciam. E, logo em seguida, o Império Bizantino passou a sofrer também, no século VII, com a expansão islâmica que será o assunto para a próxima postagem.

 

Obrigado pela atenção, pessoal.

 

Fiz esta postagem baseado nos capítulos 1, 2 e 3 da disciplina História da Idade Média Oriental, 2º Período, curso Licenciatura em História. Faculdade Estácio de Sá.

 

Valeu!

Marcell