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Ola pessoal!

Vamos continuar com a Idade Média Ocidental mostrando os lances ocorridos com os Merovíngios e o poderoso Carlos Magno com o seu Império Carolíngio.

As regiões Gálias são os últimos espaços conquistados pelos romanos. Seus limites são os Pirineus (Península Ibérica), os Alpes (Norte da Itália) e o rio Elba (a leste). No século V, Francos e Visigodos contiveram a migração dos Hunos no território das Gálias. Devido a essa vitória sobre os Hunos, houve diversos acordos entre esse grupos e os romanos. Tais acordos fizeram desses bárbaros (Francos e Visigodos) os mais importantes do Império Romano. A batalha que ocorre em Vouillé, os visigodos ocupam a Península Ibérica e os Francos dominam o norte das Gálias até o litoral do mar do norte. É neste domínio que essa galera irá dialogar com os novos povos, entre eles, os Alamanos, os Saxões, os Turíngios, os Normandos e Lombardos.

Os Francos não são um grupo único, mas um conjunto de grupos que se aproximam em torno de conselhos de Anciãos, muitas vezes por negociações, uma vez que tais negócios são com o próprio Império Romano. No século IV, esses grupos formam uma estrutura de batalha em torno de uma figura escolhida. E, quando os Francos combatem e vencem Átila, eles estavam representando o exército romano. Por um outro lado, os Francos possuem uma aproximação com os poderes romanos estabelecidos na Gália, não em Roma.

Childerico, primeiro monarca da dinastia Merovíngia, é um bispo de origem hispana e decreta o estabelecimento do domínio de uma tradição Franca. Devido as negociações com o Império Romano, os Francos que são bárbaros, passam a ser civitas, ou seja, são reconhecidos como civilizados. Neste contexto, obtém-se uma organização Franca, mas ainda não é um reino. Childerico é caracterizado como um magisters-milito do próprio Império Romano. Em seguida, seu filho Clóvis assume o poder e estabelece uma união político e militar dessa estruturação Franca.

A partir de Clóvis, surge a ideia de estabelecer uma série de leis de origem romana para regular a sociedade e, também, uma aproximação para com a Igreja. Clóvis não era cristão, mas decidiu ir até a cidade mais povoada junto com os chefes militares para realizar uma conversão pública. Não era um ato de fé, mas uma forma política para fortalecer a estrutura social local e, também para que a Igreja queira legitimar a figura do rei Franco. Clóvis torna-se o primeiro grande rei medieval de origem divina. Com um rei no trono, os Francos estabelecem um novo Império Romano, menor, mas bem estruturado. O maior problema é que a Igreja achou que Clóvis tinha re-institucionalizado o Império Romano, pois as principais rainhas organizaram grandes mosteiros onde o senhor é o próprio bispo de Roma.

Após a morte de Clóvis, o reino é dividido entre seus filhos surgindo três grandes reinos: Nêustria, Austrásia e Burgúndia. Apesar de se conhecerem como Francos, esses reinos viveram em conflitos um com os outros. As principais casas aristocratas francas eram grandes proprietários de terras e de muitos homens com capacidade militar. Há vários desses centros no reino Franco, mas quem trabalhava para uma aproximação desses grupos era o bispo. O bispo era alguém da alta hierarquia e ele não era ouvido por ser bispo, mas por ser senhor de terras. O bispo era um representante da autoridade regional. A partir da aristocracia local, surge novo modelo chamado de Franco-Galo ou Franco-Romano. A Igreja se apoia no poder local para aumentar sua legitimidade com a população local e acaba recebendo uma série de bispos francos. A Igreja torna-se um conjunto homogêneo (uma tradição de uma mistura de tradições) bem próxima do Império Romano.

Após as terras romanas como o Norte da África, sul da Itália e parte da Península Ibérica serem dominadas pelos islâmicos, os Francos se retiraram da cidade de Arlés e Tolouse, e se concentraram em Paris. Quando os árabes-islâmicos dominaram a Península Ibérica em 723, um emirado é organizado. O emir de Córdoba reúne as tropas do Magreb (atual Marrocos), e se laçam para as terras além dos Pirineus (limite entre a Península e o restante do continente). Neste contexto, uma família de mordomos da Nêustria teve uma série de desventura devido as acusações de traição sobre Pepino I e Carlos Matel, por não cumprirem o papel como senhores do castelo. Durante esse período, na região da Aquitânia, ocorriam novos ataques islâmicos liderados pelo califa de Córdoba. Este combate fez com que Carlos Matel fosse absolvido tornando-se líder dos mordomos da região. Esta batalha, a batalha de Tours (ou Poitiers), foi considerada como uma das batalhas mais decisivas da história mundial. Ela decidiu que os cristãos, e não os muçulmanos, seriam o poder dominante na Europa. Carlos Matel, que antes era um condenado, passa a ser celebrado como o herói desta batalha. Posteriormente seu neto, Carlos Magno, com o seu militarismo, acaba de vez com os últimos domínios islâmicos na França. O território francês foi uma fonte de cruzadas e monges que cooperaram com os reis da Espanha e Portugal para banir o Crescente da península Ibérica. O Papa Gregório III fez de Carlos Matel, o Herói da Cristandade.

O filho de Carlos Matel, Pepino III, assume o poder e acusa os merovíngios como os verdadeiros traidores, porque não apoiaram na batalha contra o inimigo mais temido. Nesse momento, abre-se o questionamento do juramento de fidelidade. Pepino planejou para que seu poder seja reconhecido e chega a ser considerado legítimo pelo bispo de Roma. Ele se torna rei e defensor da Cristandade, e já indica seu filho Carlomano, ou mais conhecido no Ocidente, Carlos Magno, como sucessor.

Carlos Magno era o cara responsável pelo último suspiro do Império Romano. As glórias de Carlos Magno se inicia por conta do domínio mediterrânico, pois possibilitou o crescimento de regiões que economicamente eram pouco representativas, mudando o eixo comercial marítimas para os centros de escoamento pluviais. Este crescimento da aristocracia no noroeste francês associado com a vitória sobre os árabes, teriam possibilitado uma poderosa expansão dos Carolíngios. Carlos Magno busca por direito de terras estabelecidos por seu pai. No entanto, chega com discurso de que a Aquitânia teria um território mais amplo do que o representado, utilizando negações ao juramento de fidelidade aos merovíngios. Carlos também busca estabelecer novos sistemas de proteção e organização social, se aproximar da Igreja local e se tornar protetor legítimo junto aos nobres. Sua ideia de distribuição de terras conquistadas a seus aliados cria um movimento de guerra intenso.

O comércio se tornava cada vez mais especializado com produtos especiais e lucrativos. No entanto, o maior problema era a falta do ouro. O dinheiro tinha o seu valor em si, uma moeda valia o seu peso em ouro. Carlos Matel decidiu criar o padrão da moeda de prata nas casas de fundição, e uma métrica entre as moedas de ouro e prata. Uma vez que a primeira ainda era trocada em grandes transações, a prata passa a ser referência e facilita as transações menores ligadas às cabeças de gado, vinho e outros produtos que circulavam entre os rios Reno e Danúbio. Por um outro lado, a representação de poder do Carlos Magno está escancarado nas imagens dessas moedas: ora com a imagem do seu rosto romanizado, ora com símbolos cristãos.

Com os carolíngios, também nos aproximamos das figuras que entendemos como corte, não mais como alguém de segmento social, mas uma figura que terá uma vocação como os antigos romanos, sendo definido pelas características militares. A educação passou a ser diferenciada e utiliza e ostenta produtos diferenciados. Não é a toa que cresce o comércio de pedras africanas, sedas chinesas e peles do norte da Europa.

Os Militus ou Milites são senhores de guerra conhecidos como cavaleiros e são responsáveis por grandes contingentes que garantem o funcionamento do reino. Os barões são os funcionários de corte, senhores de terras menores e responsáveis por funções administrativas. O duque é o senhor das fronteiras, das terras que precisam ser constantemente vigiadas. Todo esse sistema valoriza o juramento de fidelidade como elemento de coesão. Quando Carlos Magno pretende realizar uma nova batalha como, por exemplo, revidar o ataque dos Lombardos em territórios sul, chama-se alguém de outra região, também jurado com Carlos Magno, prometendo vantagens e terras maiores em caso de vitória no novo território. Com o território sendo conquistado, o sistema de governo passará pela relação dos novos territórios e o domínio carolíngio. Os grupos que se rendem e juram fidelidade a Carlos Magno passam a ser Missi-Dominici de outra região conquistada.

Para o mundo dos Carolíngios se tornar um Império, seria necessário uma relação entre Carlos Magno e o Papado Romano. Com a expansão do islão para o sul da Península Itálica desde o século VIII, o fim deste século reserva uma outra ameça à igreja romana: Lombardos. Este grupo dinamarquês (antes não era ainda Dinamarca) domina completamente a região dos Alpes na segunda metade do século VIII, vencendo o que restava dos Ostrogodos. Neste momento, uma série de cartas chegam ao domínio carolíngio, nomeando Carlos Magno como protetor da Cristandade e exigindo ações. Em meados de 798, ocorrem os conflitos entre Carolíngios e Lombardos garantindo a conquista de parte do território da Península Ibérica. Neste momento, a Igreja saca uma poderosa falsificação: A Doação de Constantino. Este documento dizia que Constantino havia deixado um testamento que garantia a Igreja como seu principal beneficiário, herdando terras no entorno de Roma, e foi o que levou o Papa Leão III o direito de coroar o seu escolhido: Carlos Magno.

 

Agradeço pela atenção, pessoal! Fiz esta postagem tendo como base o capítulo 4 da disciplina História da Idade Média Ocidental, 2º Período, Licenciatura em História. Faculdade Estácio de Sá.

 

Valeu!

Marcell